28.5.20

A absolvição de Bruno de Carvalho. É assim que quer que lhe seja servida a justiça do seu país?

Julgo que em toda a minha vida cumprimentei uma vez Bruno de Carvalho e não falei com ele mais de 30 segundos. Não sou sportinguista e no modo como gosto de futebol não há espaço nem competências para me armar em treinador de bancada ou Presidente-sombra de clube.
Na minha observação muito distante dos fenómenos do futebol não gostei nunca de na sua presidência dar às claques uma importância que - pelo que se sabe do ambiente pouco são destas - espelhava um modelo de gestão de clube que não me seduzia e que é completamente oposto da tranquilidade com que enquanto espectador gosto de futebol.
Dito tudo isto, o modo como foi tratado na instrução deste processo de que agora foi absolvido, com as clássicas operações de detenção desnecessária para consumo e condenação mediática, a criação mediática de presunção de culpa sobre uma agressão aos jogadores e efeitos de grande amplitude sobre o clube e a sua vida pessoal, obriga-me a perguntar depois de o ver absolvido em primeira instância e sabendo que provavelmente o caso não acaba aqui se este modo de administrar a justiça  cumpre os mínimos requisitos para ser justo. Salvaguardou-se à justiça a imparcialidade e recato que se lhe impõem para que tranquilamente busque a verdade?
Não creio que a justiça vá ainda desta vez reconsiderar o modo como trata a fase de inquérito e repensar a aliança perversa entre má justiça e má imprensa para julgar na praça pública ainda antes de acusar em tribunal. Nem que vá sentir-se responsável pela cautela devida e não tida quanto a promover julgamentos populares quando está ainda a recolher e validar indícios.
Se Bruno de Carvalho é inocente, como disse hoje o Tribunal de Primeira Instância ou não, é importante para o avaliarmos. Mas o que se decidiu com esta absolvição não apaga todas as consequências do que aconteceu antes. É assim que quer que lhe seja servida a justiça do seu país?

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