Dispersos, pelo país ou pelo mundo, com as redes sociais a criarem-nos uma ilusão de proximidade, vemos as vidas dos nossos amigos, falo dos nossos amigos físicos, cada vez mais a partir apenas do espaço virtual. E, em pequenas mensagens, vamos trocando promessas de voltar à vida “antiga”, de marcar um café para conversar, um almoço para por projetos em dia, uma tarde para espraiarmos a má -língua sobre algum de nós, quantas vezes os ausentes.
Podemos ter seguido as suas carreiras a distância, mas, também pela janela aberta pelo espaço virtual, mantivemos sempre a sua presença na nossa vida.
Foi isto que hoje me aconteceu com Miguel Ferraz, depois de uns anos intensos a estudar uma Sociologia a que ele não se dedicou, continuei a ve-lo por aí, na televisão, na produção, na escrita. Falávamos, mas sobretudo prometíamos um ao outro que tínhamos que falar. E prometemos. E prometemos. E este fim-de-semana não olhei o suficiente para a net para ver que já não falaríamos, nem sequer para ver que podia ter ido à Sociedade Portuguesa de Autores dizer-lhe adeus. Apenas uma amiga comum, também por aqui, me enviou primeiro o alerta, depois o alarme. Já não almoçamos mais com ele. E prometemos um ao outro almoçar. E vamos almoçar Antonina, assim que eu regressar. Não podemos repetir o erro que fizemos com o Miguel.
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