21.7.19

O touro e o toureiro na sinaletica do campo pequeno

Quem me leia sabe que não me encontro de nenhum dos lados militantes na questão das touradas.
Vejo nas várias atividades taurinas uma relação entre o homem e o animal que expressa valores que, como todos os outros, podem ter as suas diversas fases de crescimento, apogeu, declínio e extinção. E não estão na sua fase mais pujante. Traços culturais, como civilizações, morrem.
Mas não vejo na cultura taurina a encarnação da barbaridade que um setor da opinião portuguesa, legitimamente, lhe atribui.
Partindo desta posição não percebo a iniciativa política de supressão simbólica das touradas, remetendo-as para um semi-interdito ao suprimi-las da sinaletica lisboeta. Se espero que nas proximidades de um teatro a sinaletica me ajude a encontrá-lo; se espero que essa mesma sinaletica me indique se estou perto de um WC, acho absolutamente incompreensível que em Lisboa, pelas fotografias que vejo por aí, se tenha suprimido na proximidade de uma praça de touros qualquer referência ao espetáculo que lá se desenrola e de que é ex-libris.
Eu tendo a ser anti-proibicionista. Só deve remeter-se para o domínio do interdito o que valores sociais muito seguros e consensuais ou tão esnagadoramente predominantes considerem inaceitável e não o que no pluralismo de uma sociedade aberta livremente agrada a uns e gera repulsa a outros. 

Porque tornam difícil artificialmente saber onde se desenrola um espetáculo, legal, que paga impostos e tem clientes? É nestas coisas que acho que se joga também a abertura à diversidade e o cosmopolitismo nos exige prudência, para que não se resvale para uma censura, ainda que soft, não totalmente coerente com a cidade aberta e liberal em que gostaria de viver.

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