16.10.15

A diferença entre um acordo e uma negociata

A diferença entre um acordo e uma negociata reside na solidez política da solução a que chega. A simples promessa entre partidos de viabilização dos Orçamentos de Estado seria ainda uma negociata, já a aceitação de um conjunto de medidas nucleares para a legislatura, essenciais à estratégia nacional para o crescimento sem comprometer unilateralmente a presença no Euro, seria o patamar mínimo para um acordo político.
Se António Costa se contentasse com uma negociata à esquerda acabaria a dar corpo à maioria negativa, sem programa nem objectivos, que recusou na noite eleitoral.
Se o PCP e o BE recusassem um programa comum mínimo para a legislatura acabariam a dar razão ao que Sérgio Sousa Pinto disse sobre serem desde sempre e na visão dele para sempre adversários e não potenciais aliados do PS.
Se António Costa conseguir um acordo para um programa mínimo para a legislatura, para além de dar à esquerda uma oportunidade para desbloquear o sistema político, dá aos portugueses uma oportunidade de testar uma alternativa e remete ao ridículo os comentários apocalípticos que por aí pululam. Para além de que dá ao PS a oportunidade de se livrar das tentações de desvio para o centro, que é uma maneira polida de dizer deslizamento para a direita.


(Publicado no Facebook)

3 comentários:

Francisco Clamote disse...

Aplausos!

Jaime Santos disse...

É essa a única questão que se coloca, já que nem vale a pena discutir as questões relativas à legitimidade constitucional ou à legitimidade política de um Governo da Esquerda. Até porque da solidez de um hipotético acordo dependerá a liberdade de manobra de Cavaco. Se for uma mera negociata, ele tem margem para recusar a nomeação de Costa e despachar a questão para o seu sucessor/a. Se for um acordo sólido que garante uma solução maioritária por 4 anos, se recusar essa nomeação fica com o ónus da recusa e deixa uma questão que deve ser colocada a todos os candidatos presidenciais, ou seja, o que farão a seguir. Mais, uma mera negociata será um suicídio político para o PS, que promete mais estabilidade, sem a poder garantir...

Anónimo disse...

Paulo: por favor, faz tudo para que esse acordo mais sólido possa surgir com o PC e com o BE. Com equilíbrio todos têm de ceder. Com calma e perseverança.