Será o PS um partido para pessoas normais? A entrevista, este artigo e mais este puseram-me a pensar.
1. Estou convencido que as propostas da Ana Catarina Mendes vão irritar muito a burocracia partidária que circulou dos bancos da faculdade para as mais diversas posições de nomeação política e destes, com muito mérito pessoal na maior parte dos casos, para os cargos políticos. Vão pensar que são eles os visados, de tão habituados que estão a que quando faltam lugares nos órgãos seja o lumpen que desprezam privadamente mas defenderão aguerridamente em público a ficar e eles a sair.
Esta proposta da Ana só pode cair mal num PS que se rendeu unanimemente, sucessivamente, a dirigentes com visões e estratégias tão distintas para o partido quanto as de Ferro Rodrigues, José Sócrates, António José Seguro e António Costa. Os homens de todos os líderes não podem ter simpatia pela ideia de renovação por fora. A renovação para eles é a sucessão das gerações por dentro do interconhecimento em circuito fechado e está feita. São el@s. Agora há apenas que usar os simpatizantes como eleitorado, não as pessoas fora da actividade política como parceiros de decisão do partido. Tem razão o João Pedro Henriques ao imaginar que esta ideia não seja coisa fácil de digerir pelo PS que hoje somos.
1. Estou convencido que as propostas da Ana Catarina Mendes vão irritar muito a burocracia partidária que circulou dos bancos da faculdade para as mais diversas posições de nomeação política e destes, com muito mérito pessoal na maior parte dos casos, para os cargos políticos. Vão pensar que são eles os visados, de tão habituados que estão a que quando faltam lugares nos órgãos seja o lumpen que desprezam privadamente mas defenderão aguerridamente em público a ficar e eles a sair.
Esta proposta da Ana só pode cair mal num PS que se rendeu unanimemente, sucessivamente, a dirigentes com visões e estratégias tão distintas para o partido quanto as de Ferro Rodrigues, José Sócrates, António José Seguro e António Costa. Os homens de todos os líderes não podem ter simpatia pela ideia de renovação por fora. A renovação para eles é a sucessão das gerações por dentro do interconhecimento em circuito fechado e está feita. São el@s. Agora há apenas que usar os simpatizantes como eleitorado, não as pessoas fora da actividade política como parceiros de decisão do partido. Tem razão o João Pedro Henriques ao imaginar que esta ideia não seja coisa fácil de digerir pelo PS que hoje somos.
2. E o João Pedro Henriques tem também um ponto na análise de como se está atirar fora o menino da CRESAP com a água do banho. É certo que a experiência da respeitável comissão merece avaliação e carece de melhoramento profundo, mas o rotativismo de dirigentes na administração pública é uma doença do nosso aparelho de Estado, que não sendo só nossa, descredibiliza os partidos que exercem o poder.
A quem no PS queira ater-se à bondade da anormalidade do funcionamento do partido, preso de chapeladas, oligarquias e pequenos grupos ou à anormalidade das nomeações por substituição no governo recomendo o estudo atento do que se passa na Áustria. Lá, um PS historicamente bem mais forte que o nosso, arrisca-se a passar em pouco tempo de força hegemónica no país à irrelevância. Já não é só no PASOK que o PS tem que pensar. É ver a Austria, a França, até a Alemanha e perceber que quem não ousar mudar pode ser a estrela do momento, mas será coveiro do socialismo democrático.
3. Não ficaria nada surpreendido se esta ideia da Ana Catarina morresse na praia. Como todas as ideias de mudança é violenta para quem está no exercício do poder e a primeira coisa que se perde no poder é a capacidade para ouvir os que nos falam com frontalidade e com verdade. Só se António Costa se interessar seriamente pelo futuro do partido e não apenas pelo do Governo esta ideia vingará.
A quem no PS queira ater-se à bondade da anormalidade do funcionamento do partido, preso de chapeladas, oligarquias e pequenos grupos ou à anormalidade das nomeações por substituição no governo recomendo o estudo atento do que se passa na Áustria. Lá, um PS historicamente bem mais forte que o nosso, arrisca-se a passar em pouco tempo de força hegemónica no país à irrelevância. Já não é só no PASOK que o PS tem que pensar. É ver a Austria, a França, até a Alemanha e perceber que quem não ousar mudar pode ser a estrela do momento, mas será coveiro do socialismo democrático.
3. Não ficaria nada surpreendido se esta ideia da Ana Catarina morresse na praia. Como todas as ideias de mudança é violenta para quem está no exercício do poder e a primeira coisa que se perde no poder é a capacidade para ouvir os que nos falam com frontalidade e com verdade. Só se António Costa se interessar seriamente pelo futuro do partido e não apenas pelo do Governo esta ideia vingará.
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