19.4.20

Às Berlengas nem a pneumónica chegou.

Com o Fernando Alves de volta ao estúdio, a realidade das coisas voltou a ser espantosa e foi até às Berlengas onde nem a pneumónica chegou. A mim coube-me o papel de céptico sobre a resposta europeia, no que até agora se pode ver.

Morin espera que desta crise possa ressurgir um espírito comunitário capaz de superar "os erros do passado". Paulo Pedroso confessa-se "céptico" quanto à capacidade da Europa para responder a esta esperança a que Edgar Morin dá voz: "Os primeiros sinais não são bons. O que nós vimos foi, em emergência, um egoísmo nacional que atingiu até a retenção de exportações de material médico entre países europeus. Não vimos uma primeira reacção de solidariedade. Pelo contrário, vimos uma primeira reacção como se a União Europeia não existisse, mesmo em aspectos para os quais ela está montada. De algum modo, houve uma auto-crítica e o momento alto dessa auto-crítica, até agora, é o texto que a senhora Van der Leyen publicou num jornal italiano e que, de algum modo, é um pedido de desculpas aos italianos. Mas não estão ainda tomadas medidas à escala das necessidades". Para Paulo Pedroso, "este é o momento em que ou há um impulso, ou se cumpre um dos sonhos dos pais fundadores, o de que a Europa seria mais forte em cada crise, ou pode acontecer que a União Europeia tenha, ao mesmo tempo que se aprofundou institucionalmente, que chegou longe na criação de uma união económica e monetária, se tenha tornado socialmente insensível. E se, nesta pandemia, nós virmos ressurgir o mesmo tipo de actuação e de divisão entre o Norte e o Sul, entre países contribuintes e países beneficiários a que assistimos aquando da crise económica de 2008/2009 há sérios riscos de que o projecto europeu, não direi que se desmorone, venha a perder a adesão das populações. Os primeiros sinais da desconfiança da população italiana face à União Europeia são aterradores. E estamos a falar de um dos países fundadores. Esta é a hora da verdade".


https://www.tsf.pt/programa/a-espantosa-realidade-das-coisas/ernesto-candeias-faroleiro-das-berlengas-nos-ja-cumprimos-o-isolamento-ha-muito-tempo-12085577.html

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