A exclusão existe. A notícia de que país não quiseram assinar declarações de que devolveriam os computadores cedidos em bom estado no fim do ano por terem medo de os filhos os danificarem, pode levantar o véu sobre muitos problemas diferentes - desinteresse dos pais pelo sucesso escolar dos filhos, desnecessidade dos computadores, receio real de não ter meios para pagar um objeto caro se ele se danificar e mais todas as outras explicações que conseguirem imaginar.
Em quase todas as explicações possíveis estão no fim da linha crianças e jovens que entraram em situação de exclusão escolar.
Essas crianças e jovens - muitas? Poucas? Não é angustiante que o Ministério da Educação não saiba? - perderam este tempo de educação. Estão em risco agravado de exclusão educativa, porque muitas delas em risco já estavam.
Sempre defendi que a reabertura das escolas deveria ter estado nas primeiras prioridades e não para os exames, para a sua missão educativa que é a sua razão de ser. Tantos países o fizeram. Mas agora, mal ou bem, na minha opinião mal, o ano letivo está no fim.
Se até Boris Johnson percebeu que vai ser preciso recursos educacionais extra, porque protelamos nós a adoção - ou pelo menos a divulgação - de medidas urgentes para o lançamento do próximo ano letivo? Porque não encurtamos as fèrias escolares e voltamos à escola mais cedo? Porque não divulgamos o reforço de meios a que vamos proceder?
Que se passa que leva a tanta incerteza e indecisão?
Já ouvi dizer que há quem seja insultado por querer reabrir escolas. Já fui eu próprio aqui vítima de uma despropositada e incompreensível diatribe de um político que foi muito meu amigo, por não compreender a inércia.
Mas continuo a acreditar que as decisões aparecerão, já não no seu tempo, porque esse já passou.
Continuo também receoso de que estejamos a deixar uma emergência de saúde transformar-se numa crise educativa como escrevi há uns meses.
(http://paulopedroso.blogspot.com/2020/05/para-que-uma-emergencia-de-saude-nao-se.html?m=0)
https://www.dn.pt/edicao-do-dia/22-jun-2020/alunos-carenciados-nao-levantam-computadores-por-serem-emprestados-12322959.html
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