Os resultados eleitorais acabaram por acelerar uma transformação que pode ser profunda no espectro político português.
O comportamento do Presidente da República para o qual a designação de "atípico" é um eufemismo respeitoso, se visava pressionar o PS a aceitar o entendimento com Passos Coelho teve o condão de o tornar mais difícil e mais impopular ainda.
Os discursos públicos do PCP e do BE permitem pensar que desbloquear a esquerda é agora - como nunca antes o fora - uma possibilidade que merece ser equacionada.
A recusa do PS em enfeudar-se à viabilização de um governo com políticas contrárias às suas ao mesmo tempo que pela primeira vez na história da democracia força o PCP e o BE a clarificarem se estão prontos a passar da retórica à construção de alternativas, faz funcionar o nosso sistema político assente na proporcionalidade do modo para o qual foi concebido, como gerador de coligações parlamentares alternativas.
É certo que a campanha eleitoral não deu ao BE e ao PCP um mandato claro para renunciar à renegociação unilateral da dívida nem para comprometer estes partidos com metas políticas compatíveis com a permanência de Portugal no Euro.
Mas cabe a estes partidos interpretar o que os eleitores lhes quiseram dizer no voto. terão os eleitores do PCP e do BE votado para sair do euro ou para que estes partidos garantissem a saída de Passos Coelho e o fim do ciclo de "ir além da troika"?
Eu tenho umas ideias sobre isto, mas aguardo com ansiedade democrática para ver se é desta que o PCP e o BE atravessam o rubicão ou fica tudo como dantes. E, se ficar, não venham dizer que é por causa do PS.
O "Compromisso Histórico" ia ter lugar na Itália,entre a DC e o PC locais. O Compromisso Histórico português só poderia ser entre o PS, PCP e BE. Aldo Moro morreu na tentativa de o efectuar em Itália,e os assassinos continuam a solta. Sem uma coragem sobre-humana não se consegue avançar em nenhum campo. Encore un effort,citoyens!
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