15.6.16

Orlando, Utoya, ódio

O massacre de Orlando tem tanto que ver com o assassínio dos jornalistas do Charlie, também perpetrado em nome do Islão, como com o assassínio em massa de Utoya, na Noruega, cometido para salvar a Europa do Islão.
Em Orlando como em Utoya o inimigo não era ninguém em especial, mas apenas uma forma de estar no mundo. 
Acredito que nenhum partido neonazi tenha ordenado o massacre a Breivik e que nenhuma organização islamista tenha comandado o assassino de Orlando. Bastou que tivessem alimentado o caldo de cultura onde os distúrbios da personalidade encontrassem conforto para actos que atentam contra os mais sagrados valores que deviam ser comuns da humanidade.
A homofobia e o ambiente que a estimula são os culpados morais de Orlando, como a islamofobia é culpada do ataque da Noruega.
Sobre o culpado material de agora ainda se vai escrever muito, como muito se escreveu sobre Breivik, mas seja qual for o veredicto final sobre as suas motivações em concreto, as suas motivações em abstracto não são religiosas, o seu ataque não é a nenhum inimigo concreto por algo que tenha dito ou feito - embora se o fosse também fosse ilegítimo - ele atacou a liberdade, no caso a liberdade de orientação sexual.
E, se é verdade que o fez num país em que se pode comprar uma arma de assalto numa loja em sete minutos, também é verdade - lembremo-nos nós, europeus - que o poderia ter praticado num país com cultura menos permissiva às armas.
Para honrar a memória dos que caíram em Orlando é necessário agir empenhadamente para erradicar as discriminações contra os homossexuais.É necessário educar todos, sempre, para que a orientação sexual não pode, nunca, ser objecto de qualquer tipo de discriminação.
Esta batalha pelos nossos valores não é só contra islamistas tresloucados, mas contra os valores que alimentam os gestos tresloucados de islamistas, de fascistas e de todos os outros que crescem no ódio à liberdade. É para que deixe de haver berço onde os ódios se embalem até crescerem em novos crimes.

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