A resposta de António Costa sobre o dispositivo posto em marcha face à greve dos combustíveis sofre de dois erros de abordagem significativos quando se fala de um primeiro-ministro de esquerda que comenta o seu dever de arbitragem entre direitos num conflito laboral.
O governo não ganhou 3-0 à greve porque, se quisermos ir pela analogia futebolística, era árbitro e não equipa no terreno. O seu papel era o de impedir que o direito à greve não colidisse com a satisfação de necessidades fundamentais e a sua alegria por tê-lo conseguido deveria ficar contida a ter sido um árbitro eficaz.
A escolha de um agradecimento aos militares pelo seu contributo na redução dos efeitos da greve para início de périplo aos que diminuíram os efeitos da greve, sendo provavelmente merecida, é também um erro de perspectiva de um Primeiro-Ministro de esquerda. Os primeiros a quem há que agradecer é aos trabalhadores que acataram os serviços mínimos - e parecem ter sido bastantes - senão a requisição civil não seria tão limitada e circunscrita.
Quando um Primeiro-Ministro agradece antes de mais e primeiro que a todos os outros aos militares o seu papel na limitação dos efeitos de uma greve, desculpem, mas a minha alma de esquerda fica dorida.
4 comentários:
Vocês não param de dar tiros nos pés e de se acometerem uns aos outros. A alma está dorida porquê? O exército não é um corpo democrático ao serviço dos portugueses? Quando ajudam a apagar incêndios? não Devem? Ora «Maladies Infantiles»
Mediação
Procurar soluções: “um método de condução de conflitos, aplicado por um terceiro neutro e especialmente treinado, cujo objetivo é restabelecer a comunicação produtiva e colaborativa entre as pessoas que se encontram em um impasse, ajudando-as a chegar a um acordo”
Conciliação
Facilitar acordos, propor entendimentos: “as partes continuam com sua autonomia no que diz respeito à solução proposta, ou seja, aceitam se quiserem, pois o conciliador apenas propõe saídas, quem decide são as partes de acordo com a conveniência para as mesmas”
Arbitragem
Decidir: “processo onde as partes em conflito atribuem poderes a outra pessoa, ou pessoas, para decidirem por elas o objeto do conflito existente, desde que estas sejam imparciais e normalmente especialistas na matéria a ser disputada”
(*) in A mediação, conciliação e arbitragem: métodos extrajudiciais de solução de controvérsias como alternativas frente a morosidade da justiça estatal brasileira, Ruberlei Bulgarelli
Desculpe que lhe pergunte, Paulo Pedroso, mas desde quando é que "arbitragem" de conflitos laborais e de futebal podem ser tidas por sinónimos ?!
MRocha
Não podem, a não ser como metáforas. Tem razão p, nenhuma metáfora futebolística é boa para o caso em apreço.
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